Do Blog do Noblat:
O jornal O Globo publicou que no ano passado a Câmara reembolsou despesas com gasolina dos 513 deputados federais no valor astronômico de R$ 41 milhões.
Cada um pode gastar até R$ 15 mil por mês. Mediante apresentação de notas fiscais, recebe o dinheiro de volta.
Os R$ 41 milhões dariam para comprar 20,5 milhões de litros, o suficiente para rodar 164 milhões de quilômetros em um carro médio que percorre oito quilômetros com um litro. Equivaleria a 431 viagens à Lua ou 64 voltas em torno da Terra.
Se os deputados decidissem comprar tal quantidade de gasolina em Brasília em um mesmo dia, por exemplo, os 317 postos da cidade passariam 11 dias abastecendo seus carros sem atender a mais nenhum.
O deputado Francisco Rodrigues (PFL-RR) foi o campeão de consumo: a gasolina que ele diz ter gastado daria para percorrer 52 vezes a distância entre entre Manaus e Porto Alegre.
É evidente que a indústria da nota fria deve produzir a todo vapor para justificar falsas despesas. E a direção da Câmara logo se apressou a informar que investigaria o caso.
Não investigará. Ou melhor: investigará apenas os gastos do deputado Rodrigues, segundo anunciou há pouco o Corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI).
Corregedor é o sujeito encarregado de zelar pelo bom comportamento dos colegas.
Nogueira alega que não tem como investigar tanta gente a não ser que o Tribunal de Contas da União detectasse irregularidades nas prestações de contas dos deputados.
Por sua vez, o tribunal não tem condições de fazer tudo que lhe caberia fazer.
Como tantas outras, a denúncia entrará por uma perna de pinto e sairá por uma perna de pato.
Mais uma vez a Câmara não decepciona quem dela nada mais espera - salvo a absolvição de deputados pagos para votar com o governo e a tolerância com pequenos grandes crimes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário