6.4.06

Começos...

Os jogos de maldade de Elisa ainda me trazem um pouco de alegria no fim do dia. Como quando éramos crianças e ela me trancava em lugares apertados, zombando da pouca estatura que eu tinha então e da asma que me sugava os ossos por dentro, me deixando raquítico e descarnado que nem um velho em miniatura.

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Um segundo segredo, barbie: auto-consciência pode ser a primeira sabotagem que você se comete.
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Eu sou teu reino.
Caia sobre mim como uma ave abatida.


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Seria, entretanto, bastante simplório dizer que Inana seduziu Babensky. Ele ficaria terrivelmente ofendido se eu dissesse isso. Apesar da beleza irrepreensível, da elegância da vestimenta e do esmero da fala – que pingava em construções complicadas e pronomes que ninguém usa, além das citações, obscuras e charmosas – Inana olhava para Babensky como se ele não passasse de um acaso, uma possibilidade impertinente que resolveu materializar-se no canto de sua sala de estar. Era exatamente este desapego que o prendia. Ele vivia a experiência de ser absolutamente descartável – um pouco de sofrimento, um tanto mais de espanto.

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Nada pode florescer de forma tão sistemática e, ao mesmo tempo, tão natural quanto o vício...

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Desceram do prédio lá pelas três da madrugada. Um espelho ao fundo tornava o elevador mais apertado revelando os flutuantes duplos de cada um. Eles aproveitaram para avaliarem-se alternadamente. Da quadra até o supermercado, uma caminhada de dez minutos através da comercial iluminada para o natal e as pessoas que saíam dos bares. Alguns pivetes ainda zanzavam, abraçados às latas de cola. Elas acreditavam que a presença dele impediria qualquer ameaça e ele acreditava que a soma dos três desestimularia qualquer ataque.

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Eu sou teu reino.
Caia sobre mim como uma ave enganada.

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