Não consegui assistir o debate. Estávamos no avião, voltando para Brasília no mesmo horário. Consegui ouvir alguns trechos dos blocos através do site da band. Me pareceu que Alckmin tenha, de fato, “ganho” o debate, mas falo mais sobre isso mais adiante.
A cada grupo consultado a opinião diverge em 100% e não é possível achar nenhum ponto em comum. Os petistas acreditam que Lula se saiu melhor e que Alckmin foi demagógico e grosseiro. Os alckmistas acham que seu candidato arrasou e que Lula se mostrou nervoso demais e inseguro (vou omitir os adjetivos preconceituosos). Acho que as duas avaliações estão certas. Alckmin foi, de fato, demagógico ao falar sobre o Aerolula: vender o avião e fazer 4 hospitais?!?! É assim que ele quer resolver o problema da saúde no país? E ele vai andar de quê? Varig!?!? E foi grosseiro perguntando sobre os gastos pessoais de Lula e de sua família (o tal cartão criado pelo FHC). Lula, mesmo os alckmistas devem admitir, foi elegante ao não rebater isso falando dos vestidos de dona DasLu Alckmin. De outra mão, Lula não estava tão preparado quando deveria (nem ele imaginava o grau de agressividade de Alckmin), não conseguiu defender seu governo, se embananou em alguns momentos e também não foi favorecido pelos sorteios que deram a Alckmin a prerrogativa das perguntas (claro que isso não justifica seu desempenho – ele deveria previr isto também).
Como eu disse me parece que, fazendo as contas de bloco a bloco – ou round a round – Alckmin tenha ‘ganho’ o debate de maneira geral. Não porque tenha se saído ótimo, mas foi favorecido por Lula não ter debatido a altura de sua capacidade, demonstrada em discussões em outras eleições. (Um pouco como o resultado das eleições de domingo). Quem esperava um debate neste segundo turno, que mostre as diferenças de proposta para um possível governo 2006-2010, se deu mal. O que vamos ver é o maior quebra-pau: porrada de um lado e de outro. E Alckmin vai ser, de fato, ‘samba de uma nota só’, e Lula não tem nada que reclamar disso, faz parte do jogo da política, o que ele precisa fazer é ser capaz de demonstrar o potencial para um segundo mandato a partir das realizações do primeiro.
A questão mais importante, mais importante até do que quem ‘ganhou’ ou não o debate é: isso altera a divisão do espólio Cristovam-HH? Se altera, é como? Afinal, quem chegou até esta altura do campeonato lulista ou alckmista não vai mudar seu voto por conta de um debate. Este debate é para os indecisos, em primeiro lugar, e para os paulistas, de maneira secundária. E não é, na minha opinião, a avaliação global do debate que vai interferir no voto, mas momentos específicos do debate. Alguma proposição feita por um candidato num momento específico que faz o eleitor identificar-se ou perceber ganhos possíveis no futuro, é a postura de um candidato ou de seu oponente, uma palavra aqui, uma expressão ali. Os debates não são racionais ou mesmo acurados (os dois candidatos apresentaram dados numéricos errados). Política, desvendou Gilberto Gil, é também questão de afeto. Por isso, acho um erro Lula ter faltado aos debates no primeiro turno. Por mais carniceira que estivesse a corrente de seus três oponentes, ele deveria ir para mostrar-se.
Segue abaixo o link para duas análises do debate que achei muito boas: a do blog do Josias, da Folha (ele é pró-Alckmin) e da Tereza Cruvinel, no Globo (até agora, a mais isonômica dos comentaristas do Globo). Coloco também o link para o Blog do Alon, com a análise da situação política dispersa em vários tópicos.
Blog do Josias: Alckmin venceu por um ponto?
link: http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2006-10-08_2006-10-14.html#2006_10-09_00_58_56-10045644-0
Tereza Cruvinel: Saiu fumaça
link: http://oglobo.globo.com/blogs/tereza/
Blog do Alon: Alckmin tentou ser Heloisa Helena
link: http://blogdoalon.blogspot.com/
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