4.12.06

Do blog Contrapauta

Visão estreita: presidente eleito do Equador é “amigo de Chávez”
Alceu Nader

Todas as reportagens da grande mídia que apresentam o presidente eleito do Equador no último final de semana, Eduardo Rafael Correa, desde a segunda-feira passada, quando foi confirmada sua vitória, trazem o rótulo “amigo de Chávez”. Algumas reportagens repetem a expressão duas, três vezes, repetindo a mesma técnica que consiste em reproduzir à exaustão sua interpretação ou julgamento premeditado. O resultado é que o esforço para vestir uma personagem com roupa de outra deixa vastos campos de ignorância. A imprensa brasileira, no todo, desconhece o que efetivamente acontece ou que está por vir nos países vizinhos ao Brasil. Esse desconhecimento leva ao demérito antecipado de toda e qualquer iniciativa que vise a união dos países do continente, como pode ser comprovado pelo bombardeio contra o Mercosul e a a incitação para que o Brasil invadisse a Bolívia para proteger as instalações da Petrobras. No caso do Equador, a desinformação é ainda maior porque o país não tem fronteira e, portanto, sem eventos de fronteira que motivem o acompanhamento.

Assim, ao carimbar Rafael Correa como “amigo de Chávez”, um economista com doutorado na Europa (sua mãe é belga) e mestrado nos Estados Unidos, de 43 anos, a imprensa brasileira não faz outra coisa senão renovar seu preconceito com o continente “assolado pela onda populista”.

Além do carimbo pejorativo, a grande mídia, antes de se perguntar porque Correa foi eleito, preocupa-se em antecipar eventuais problemas que o jovem presidente equatoriano deverá enfrentar em duas frentes com os Estados Unidos. Um deles é a base militar norte-americana de Manta, na costa do Pacífico, que Correa já avisou que não quer mais em seu país; outra, é o rompimento do contrato, efetivado em maio passado, entre o governo equatoriano e Occidental Petroleum Corporation, Oxy, que até então era responsável por 20% das exportações de petróleo do Equador. Em ambos os casos, a imprensa nacional cumpre seu papel de intérprete dos interesses do país mais poderoso do mundo.

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