Continuando meu trajeto dentro da revista, chego à coluna de Diogo Mainardi.
Mainardi foi desafiado por Franklin Martins, há algumas semanas atrás, a apresentar provas de suas acusações: de que mulher e irmão de Franklin tinham recebidos seus cargos no governo por conta de uma tal ‘cota’ que o jornalista tem. Não aceitou o desafio e nem apresentou provas. Pelo contrario, às já feitas, juntou mais umas outras, também não comprovadas.
Mas, enfim, a coluna da edição 03 de maio de 2006: ‘Pedi o impeachment de Lula’.
Depois daquele blá-blá-blá leviano, mal escrito (Mainardi, para quem não sabe, não é jornalista, não se formou em lugar algum), um arremedo de espirituosidade, ele escreve:
“O presidente da CUT avisou que, caso o pedido de impeachment prospere, os movimentos sociais como a CUT, a UNE e o MST tomarão as ruas em defesa do mandato de Lula. Duvido. Ninguém foi às ruas para pedir o impeachment. Mas ninguém irá protestar contra ele. O máximo que pode acontecer é que um punhado de arruaceiros quebre um ou outra vitrine. Ou seja, nada que umas cacetadas no cocoruto não resolvam.”
Para começar, ‘caso o pedido de impeachment prospere’, irei, ou melhor, iremos vários, para não dizer milhares, às ruas para protestar. Isso não faz de nós ‘um punhado de arruaceiros’. Entretanto, qualquer que seja a magnitude do protesto, o sr. Mainardi deve ter em mente que nada vai ser resolvido com ‘cacetadas no cocoruto’. Porque as pessoas que protestarão, ‘caso o pedido de impeachment prospere’, já tomaram muito mais que ‘cacetadas no cocoruto’ e não mudaram de postura política e ética por causa disso.
É estranho. O sr. Mainardi quer ter direito a pedir um impeachment do mesmo jeito que ‘compra um rabanete na feira’ – esta é sua reivindicação ao dizer que ‘Lula é um mau rabanete’. Agora, se alguém tiver uma postura contrário, é imediatamente tachado de ‘arruaceiro’ e ameaçado com ‘cacetadas no cocoruto’. Não vou nem comentar a subentendida justificativa da violência policial contida nestas frases.
Enfim, ele continua o texto dizendo que, simplesmente, repetiu – copiou e colou – o pedido de impeachment contra Collor e trocou o nome de Collor pelo de Lula. Ou seja, o sujeito admite, na maior cara-de-pau, o quão preguiçoso ele é. Continua dizendo que colocaria, no pedido de impeachment de Lula o nome dos mesmos autores do pedido contra Collor, mas só tem um problema (que não é, para o sr. Mainardi, o de direito autoral): um deles, Barbosa Lima Sobrinho, morreu, e o outro, Marcelo Lavenère, está ‘comodamente instalado no governo Lula’. Aí, o circulo calunioso de Diogo Mainardi se fecha: como presidente da Comissão de Anistia, Marcelo Lavenère ‘deu 100.000 reais de aposentadoria a José Genoino, um dos onze petistas denunciados pelo procurador-geral da Republica’.
Se o sr Mainardi fizesse sua pesquisa, seu dever de casa direitinho, saberia que se a Lei de Anistia foi promulgada em 1979, mas que foi só em 2001 que se estabeleceu uma Comissão de Anistia com o dever de ressarcir aqueles que foram prejudicados pelo regime com 25 anos de atraso, contando juros e correçoes. (http://www.correiodopovo.com.br/jornal/A109/N314/html/03ANISTI.htm) Ora, se as ações da Comissão de Anistia realmente incomodam o sr Mainardi, por que é que ele não lembrou o golpismo do Carlos Heitor Cony, que 'furou' a fila para ganhar uma bolada, mesmo já tendo empregos luxuosos como o de colunista da Folha de São Paulo? (http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=284ASP007)
Que o Genoino deu a pisada na bola da vida dele e jogou no lixo umas das mais sólidas vidas políticas do PT ao deixar que Marcos Valério pagasse as contas do PT – por ignorância ou por corrupção, o erro não é menor –, é a mais absoluta verdade. Espero que seja investigado, espero que não se eleja deputado nas eleições de agora, como o PT quer. Nem ele nem Palocci. Agora, que Genoino foi preso e torturado na Guerrilha do Araguaia e que merece indenização por isso, como prevê a lei, é tão verdade quanto. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Mas eu sei que, tendo em vista a postura ética do sr. Mainardi, ou a falta dela, sua última preocupação é provar aquilo que, toda semana, insinua nas páginas da Veja.
Depois de tudo isso, vou desinfetar minhas mãos.
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