11.7.10

O latente que lateja

Qualquer um que conviveu com uma criança no período edípico acredita que a latência existe. Pouco antes, se tinha um sujeitinho litigioso, desbocado, que muito trabalho dava aos seus cuidadores. Quando menino, testava o limite até o fim da paciência, tendo como recompensa a constatação do poder paterno (ou sucedâneo), dava caricaturais demonstrações de potência e possuía suas fêmeas (mãe e substitutas), com a sutileza de um leão no cio. Quando menina, dona de uma agressividade mais sutil, dava um jeito de dizer diariamente como a mãe ganharia o concurso de mulher mais feia da Transilvânia, além de gerar todo o tipo de confusão possível em torno dos hábitos de alimentação, higiene e vestimenta, não sendo raro encontrar um exemplar destas vestida de odalisca, ou qualquer outra fantasia absurda, na rua e no frio, devido à derrota da família em lhe pôr a roupa. Após a tempestade, a paisagem é de uma calmaria inacreditável. As famílias só podem amar a latência.


"Édipo, Latência e Puberdade",
Diana M. Lichtenstein Corso.

In: Clínica da Adolescência,
Associação Psicanalítica de Porto Alegre No. 23.

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