28.7.10

A morte do avô

Que a morte seja então um processo
Uma pesagem, pesar de lembranças

Melhor viajando do que morto
Melhor infartado do que morto
Melhor entrevado do que morto
Melhor vegetando do que morto
E, se morto, melhor idéia do que corpo.

Melhor pela manhã do que pela tarde
Melhor distante do que perto
(porque presença mais ausente)
Melhor quase humano.

Melhor carne do que cera, do que plástico
Melhor quase quente
Melhor coberto
Melhor tudo.

Mas, se assim,
Melhor aí em frente do que lá embaixo
Melhor na vista do que longe dela
Do que abaixo dela
Do que nunca mais.

AJ

Junho de 2001

Um comentário:

OSWALDO PULLEN PARENTE disse...

Poema muito bom. Difícil ver gente poemando assim por agora.
Quanto ao perfil, adoro Lucian Freud!