ISTOÉ – Quais os grandes perigos para a reeleição do presidente?
Tarso Genro – Que o baixo nível do debate proporcione um afastamento da cidadania do processo eleitoral. Há uma tendência à simplificação quando se debatem determinados assuntos. A simplificação significa acusações de baixo calão. Elas despolitizam o pleito e afastam a população, principalmente as camadas médias e mais desprovidas. Setores em que o presidente tem um acolhimento muito grande.
ISTOÉ – Qual a saída?
Tarso Genro – Não permitir que o debate baixe de nível porque isso favorece a democracia e, na minha opinião, a reeleição.
ISTOÉ – O que o sr. chama de baixar o nível? Explorar o envolvimentodo PT no mensalão?
Tarso Genro – Não se pode transformar a eleição numa espécie de corruptômetro. Caso contrário, vamos reduzir o processo eleitoral a acusações. Por exemplo: a partir de determinados ataques, se começa a discutir compra de uma emenda constitucional para reeleição ou a selvageria e ilegalidades nas privatizações. Não se trata, com isso, de temer um debate sobre ética pública. Mas os grandes problemas sobre esse tema no Brasil derivam da falência do atual sistema político e não apenas do planejamento de meia dúzia de indivíduos. A corrupção no Estado brasileiro é sistêmica. Para que baixemos a taxa de ilegalidade, proveito pessoal em cargos públicos e até mesmo de corrupção, temos que prosseguir no caminho do desenvolvimento, das reformas, da educação, do crescimento econômico e no aprofundamento do controle da sociedade sobre o Estado.
site: http://www.terra.com.br/istoe/1918/entrevista/1918_vermelhas_01.htm
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