30.9.07

Kagemi, do grupo Sankai Juku





- Kage = sombra; Mi = ver

-“Kagemi – Para além das metáforas do espelho”

- O rosto branco dos atores japoneses e a boca aberta sem som. O riso aberto sem som. A mancha vermelha. A alegria maníaca.

- A perturbação do próprio espetáculo ligou-se à outra, de anos atrás, de um filme de ficção científica com estranhos homens altos e cerimoniosos, muito pálidos, com longas vestes que iam até o pescoço (e ficções científicas, para além dos "efeitos especiais" são perturbações do tempo: se há suposição sobre o futuro, há indagação sobre a eternidade e a morte).

- Há solenidade em cada gesto, apontando que o corpo é sempre sagrado. O corpo e também a morte (o branco é a cor dos rituais de luto no Japão) são sagrados, lentificados, acalmados a ponto de desconfiarmos se o que vemos não são estátuas saindo à vida, ao contrário de humanos num tempo de morte. Mas os pulsos dizem, a pulsação diz, a respiração diz.

- A solenidade, a lentidão, o questionamento sobre a morte, tudo traz inquietação, desgaste. Como é possível que o corpo aceite tal imobilidade? Como é possível que o corpo faça tamanho silêncio?

- Contemplação, mas não interação; sincronia, mas sem contato - será individualidade? ou desaparecimento?

- A referência do homem é a natureza; por isso, lá no alto, o campo de flores que vemos por baixo, por suas raízes. Suspensa, leve, a natureza interior trazida à tona.

- Sobre o teatro butoh: http://dancasdomundo.no.sapo.pt/butoh.htm

Um comentário:

Anônimo disse...

Tão lindo esse espetáculo...