25.1.07

Notícias de um desastre anunciado

Do site Observatório da Imprensa:
(http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=417JDB003)

A cratera não veio do céu
Por Samuel Lima


"Vinte horas antes da tragédia, na quinta-feira (11/1), um alto funcionário do Metrô, ligado diretamente ao Secretário de Transportes Metroviários, José Luiz Portella, fora informado pelo consórcio de empresas dos riscos de desabamento que ameaçavam trabalhadores, usuários da marginal Pinheiros e moradores da região. As empreiteiras garantiram que as providências tinham sido tomadas, mas se o foram não evitaram que vidas humanas fossem perdidas. Uma informação divulgada na Folha (18/1) deu conta ainda de que as empreiteiras tiveram em torno de 10 minutos para alertar a vizinhança, evacuar ruas e arredores. Mas, a Defesa Civil constatou que o "consórcio" não tinha plano de abandono da área adequado."

Do site de Paulo Henrique Amorim:

(http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/410001-410500/410449/410449_1.html)


"Paulo Henrique Amorim – Wagner, primeira coisa, ouvi ontem numa entrevista que você deu aqui na TV Gazeta de São Paulo à minha colega Maria Lídia, que você denunciou um desmonte da equipe técnica do Metrô. O que aconteceu com a equipe técnica do Metrô na gestão Alckmin?

Wagner Fajardo – Olha, infelizmente, não só na gestão Alckmin, desde a primeira gestão do governador Mário Covas, iniciou-se um processo de desmonte das áreas técnicas do Metrô. Em 97 nós tivemos um Programa de Demissão Voluntária que demitiu mais de 400 técnicos e que eram técnicos que acumulavam experiência muito grande nessa área de construção de projeto e de planejamento de Metrô. Depois disso, desse PDV, nós tivemos um processo de que foi de esvaziamento das áreas de construção civil e de montagem, que são áreas fins, que fazem a parte de obras. Sempre com a alegação de que como tinha pouca obra, não precisa ter todo esse pessoal e ficava muito caro para o Estado ter essa equipe já que não tinha muita obra. E também, a partir de 98, começou-se a discutir com o Banco Mundial a linha amarela e o condicionante do Banco Mundial para o fornecimento de financiamento era de que o Metrô e as empresas que pegam financiamento, os Estados que pegam financiamento, teriam que fazer a contratação através do “Turn Key”, que é esse “porteira fechada” que a gente conversou a dois dias atrás. E o outro condicionamento é que o sistema no caso do Metrô teria que ser feito para a iniciativa privada, teria que ser feito com concessão. Essa discussão, então, começou a pautar e a partir daí começou-se a desmontar quase toda... hoje nós não temos mais a gerência de montagem que naquela época contava com mais de 200 trabalhadores, técnicos. Quando a gente fala em trabalhador parece: pessoal administrativo e tal... não era pessoal técnico. Era pessoal altamente especializado."


Da agência Carta Maior:
(http://cartamaior.uol.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3478)

Do jornalismo dos desastres ao desastre do jornalismo
Bernardo Kucinski

"Foi preciso uma tragédia para ficarmos sabendo que a linha 4 do metrô de São Paulo, uma gigantesca obra de engenharia, estava sendo construída através de um contrato de “porteira fechada”. O preço é fixo. Quanto mais o consórcio construtor economizar, mais ele lucra. Ninguém sabia disso porque a nossa imprensa nunca se interessou por esse contrato. Nunca o discutiu.

(...)

Os paulistanos não sabiam que as obras eram fiscalizadas pelo próprio consórcio. Eles fiscalizavam-se a si mesmos. O Estado, dono da companhia do metrô, não assumiu nenhuma responsabilidade, admitiu o governador José Serra, depois de fugir um dia inteiro dos repórteres. Alckmin está escondido até hoje. E dele os jornais nem falam. Ele, que se apresentava como o melhor “gerente” para o Brasil. "

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