Segundo Diotima, se o amor é busca, ele é um movimento que parte da falta e vai na direção de uma possibilidade de plenitude. Mas, se ele se tornar posse, deixa de ser o que é, pois perderá a qualidade de ser intermediário. Como processo, o amor parte de uma determinação ou qualidade e vai na direção de seu oposto; o feio busca o belo, o sem recurso busca o recurso, o que é ruim tende a buscar o que é bom, o ignorante deve tomar consciência de sua falta de conhecimento. O amor é decisivamente um 'ser entre'.
Essa ideia do amor como processo permite associar intimamente amor e conhecimento: o amor fica entre a ignorância e o saber pleno, e a reflexão sobre o amor pode ser lida como uma definição da própria filosofia. Pois, quando o ser carente encontra o que busca, na beleza ou na excelência do outro, torna-se grávido e tem necessidade de gerar. Amar, então, é gerar na beleza, ou seja, produzir algo perante o que é belo. Para falarmos em geração, temos de supor alguma plenitude, alguma suficiência que, finalmente, transborda, vai além da mera falta e produz algo novo.
Amor platônico?
Marcelo P. Marques
Revista CULT, Ano 13, N. 146.
Marcelo P. Marques
Revista CULT, Ano 13, N. 146.
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Ou vamos de Carla Bruni?...
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