“O mar está de ressaca”, dizem os conhecedores da praia. O mar é visto como coisa humana, sujeito de vontades e humores que, até o momento, apenas os surfistas insistem em contrariar.
O mar está de ressaca e, por isso, invade a areia e toma conta dos espaços, poderoso e impaciente. Ao nosso redor, cadeiras, guarda-sóis e latas de cerveja bóiam, numa pequena inundação.
O mar está de ressaca, exigindo paciência e reverência, como quando cuidamos de alguém querido que sucumbiu aos vapores do álcool.
O mar está de ressaca e isso lembra a metáfora que ouvi há tanto tempo: a água é como a linguagem e o poeta é como o marinheiro que, afogando-se, não consegue se impedir de, ainda assim, amar o mar..
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