E foi naquela época que
a poesia chegou até mim.
Não sei de onde veio,
do inverno ou do rio.
Não sei quando ou como.
Não eram vozes, nem palavras,
nem silêncio, mas da rua fui chamado abruptamente
pelo braços da noite.
E entre tiros violentos
ou um retorno solitário
lá estava eu, sem rosto
e ela me encontrou.Pablo Neruda
11.12.09
"mas da rua fui chamado abruptamente..."
10.12.09
9.12.09
Prisão de José Ricardo
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
(...)
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
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Estou ainda tentando entender o que aconteceu hoje, no início da tarde.
Ontem, quando os estudantes que ocupavam o Plenário da Câmara Legislativa foram retirados, a Polícia agiu com uma civilidade nunca antes vista, chegando até a proteger estes manifestantes contra os "militantes" pagos e coagidos pró-Arruda (o governo utilizou ônibus escolares para levar vários servidores comissionados do GDF até a câmara, com o risco de demissão).
Entretanto, a manifestação pacífica de cidadãos brasilienses - algo entre 3 e 5 mil pessoas- contra o governo Arruda, ocupando uma das vias do eixo monumental - algo bem menos signficativo do que o plenário distrital - é suficiente para que sejamos ameaçados pela Polícia Militar, pela Cavalaria, pelo BOPE, com cassetetes, tonfas, bombas de efeito moral, gás de pimenta e balas de borracha.
Quem olhar as fotos, vai perceber que tudo o que fizemos foi nos sentar em frente às faixas, enquanto o trânsito era desviado para saídas laterais, para não prejudicar os veículos. Vários dos motoristas que passavam ao nosso lado, buzinavam em sinal de concordância com nosso protesto. Estávamos sentados, desarmados e ninguém se aproximou da polícia. Ainda assim, a cavalaria avançou sobre nós. Várias e várias vezes, a cada nova tentativa de nos organizarmos.
Saímos da rua, conforme a exigência da polícia e, no gramado central, nos dirigimos para a Rodoviária. Exatamente nesta hora, com o trânsito desobstruído, a violência aumentou e a polícia começou a lançar bombas de efeito moral para, logo depois, perseguir os manifestantes. A cavalaria chegou a avançar sobre os carros que desciam o eixo monumental.
Consigo conjecturar apenas uma hipótese: o mando e desmando do governador Arruda, na linha autoritária Demo-Tucana que todos conhecemos (quem não se lembra do Serra mandando a polícia invadir a USP? Ou do surreal confronto entre polícia militar e polícia civil também em São Paulo?).
Com as negociações de reintegração de posse sendo realizadas pelos deputados do PT e os próprios manifestantes, em SEIS DIAS DE OCUPAÇÃO DO PLENÁRIO CÂMARA LEGISLATIVA, NINGUÉM SE MACHUCOU OU FERIU. Entretanto, em menos de 3 horas de ocupação de uma pista, 8 pessoas foram feridas, inclusive uma menina de 12 anos.
Este é o estilo Arruda de governo: privatista, corrupto, autoritário e violento.