22.11.09
18.11.09
Para ZaZe
"...e minha imaginação, então já contaminada por minhas leituras..."
"Nós ríamos às gargalhadas, com soluços e suspiros. Ela rolou como uma gavinha de um lado a outro e plantou seus pés frios sobre minhas costas. Senti, de maneira estranha, a água dos banheiros fluir lentamente sobre minhas costas e colar-se ao longo da pele que eu acabara de lavar com o sabão mais fino. O prazer me dava formigamento. E não era o prazer que eu encontrava nos livros, mas um prazer epidérmico, que se enfiltrava no tecido das roupas e pegava raiz. "
"Sorri com um ar doce ao meu pobre artista, até lhe dei uma piscadela e fui diretamente ao quarto infecto onde pela primeira vez me lancei com contentamento sobre a cama, peguei um livro ao azar e me pus a saborear as palavras, a devorá-las, com pele e tudo, me deleitando. Se hoje me perguntassem por que me separei do artista, eu responderia secamente que não sei."
"...Alex passeava sua mão por minha blusa, sob minha calça e seus dedos me enviavam pequenos sinais amorosos que eu recebia diretamente no estômago, ao longo das coxas, como se as palavras penetrassem em mim, fervilhando no interior do meu corpo."
"...o livro, este amante, este amigo, possessivo devorador do tempo..."
Cecilia Stefanescu, Ligações Mórbidas
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A tradução é livre.
Acho que, apesar das modernidades e tecnologias, todos ainda temos que prestar nossos tributos pessoais aos deuses - Eros e Tânatos - que, na psicanálise, podemos chamar de pulsão, talvez.
Tampouco a escritura escapa às obrigações para com a divindade, devendo transformar palavra em carne, para a pacificação de Eros, e palavra em morte, para a realização de Tânatos.